As rápidas e bruscas mudanças no clima estão sendo tratadas como uma situação de emergência. Com esse enfoque, está sendo realizada ao longo desta quarta-feira (27/11) a 1ª Conferência Municipal de Meio Ambiente, no anfiteatro da UTPFR. Os participantes, divididos em cinco eixos temáticos, escolherão dez propostas que serão apresentadas na conferência estadual e também os delegados que participarão do evento, que acontecerá em março do ano que vem.
A conferência municipal contou com a presença do promotor de justiça Renato dos Santos Sant’Anna, coordenador regional do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo (Gaema). O promotor lembrou que, há poucos dias, foi concluída no Azerbaijão a Conferência das Nações Unidas sobre o clima (Cop 29), evento que no ano que vem será realizado no Brasil. “Podemos considerar a conferência em Apucarana uma ‘mini cop’, um evento que une o poder público e a sociedade civil. É muito importante que cada município debata esse tema, para evitar o que aconteceu no Rio Grande do Sul com essas alterações incisivas na natureza, relacionadas com a poluição, com a emissão de gases e o efeito estufa e a monocultura acentuada”, pontua o promotor.
O prefeito Junior da Femac chamou a atenção para o tema da conferência, que é “Emergência climática: o desafio da transformação”. Reiterando que as mudanças climáticas ligaram o sinal de alerta na população e nas autoridades, transformando o assunto em uma questão emergencial. “Não são mais mudanças. São emergências climáticas. No ano passado, tivemos em Apucarana duas ondas de calor, uma em outubro e outra em dezembro. Ninguém estava acostumado com isso. Gastamos mais de 1 R$ milhão no combate da epidemia da dengue e, infelizmente, perdemos 20 vidas”, lamenta Junior da Femac.
O prefeito também lembrou dos extremos que ocorreram no ano passado, como as enchentes no Rio Grande do Sul e a estiagem em outras partes do País. “Todos nós estamos neste barco e somos afetados. Não adianta acharmos culpados, mas encontrarmos soluções”, disse, convocando ao debate os participantes, entre os quais estão representantes de pastorais do meio ambiente, Sindicato Patronal Rural, Instituto de Desenvolvimento Rural, Acia, Sivale, Câmara de Veredores e empresários de diversos setores, além de profissionais ligados à saúde, educação, meio ambiente, obras, esportes e assistência social, entre outros.
O secretário municipal de Meio Ambiente, Gentil Pereira, afirma que Apucarana está atualmente enfrentando mais uma onda de calor. “O calor excessivo também gera outras preocupações como a falta de oxigenação em lagos, ocasionando a mortandade de peixes. Precisamos debater tudo isso e levar as propostas para a conferência estadual”, assinala Gentil Pereira.
Sérgio Bobig, presidente do Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMMAP), afirma que a realização das conferências foi sugerida a todos os municípios brasileiros. “É lamentável ver que muitos não se atentaram para a gravidade do tema, pois os desafios climáticos são cada vez mais intensos e frequentes”, reitera Bobig.
O vice-diretor do campus de Apucarana da UTFPR, Thiago Gentil Ramires, lembrou da responsabilidade de todos em relação ao meio ambiente, elencando alguns temas ligados à UTFPR e que já estão sendo discutidos na universidade.
A conferência também contou com a participação do biólogo Udson Mikalouski, que integra a equipe de transição e representou o prefeito eleito, Rodolfo Mota. Mikalouski, que é biólogo da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, fez uma explanação sobre os cinco eixos temáticos que serão discutidos pelos participantes: mitigação; adaptação e preparação para desastres; justiça climática; transformação ecológica; e governança e educação ambiental.
A conferência municipal é preparatória para a etapa estadual e, na sequência, para a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), tendo por objetivo incentivar a ampla participação da população na construção de propostas para enfrentar os desafios climáticos. Qualquer pessoa – maior de 16 anos – pode participar da conferência e votar nos delegados. Poderão ser apontadas – pelo município -, até dez propostas, sendo duas para cada um dos eixos temáticos. As propostas priorizadas serão encaminhadas para a Comissão Organizadora Estadual e incluídas no caderno de propostas que será debatido na conferência estadual.
Com PMA