Você sabia que Apucarana, Arapongas e outras cidades do norte do Paraná abrigam várias espécies de felinos silvestres? Segundo o biólogo Fernando Felippe, diretor do CEMSA (Centro Municipal de Saúde Animal), nossa região é habitat natural de pelo menos cinco espécies desses animais — sendo o maior deles a onça-parda. (Ouça entrevista no final da matéria)
Fernando realiza, há anos, o monitoramento desses felinos em áreas naturais e zonas rurais de cidades como Apucarana, Arapongas, Londrina e Maringá. De acordo com ele, os felinos mais comuns da região são: onça-parda, jaguatirica, gato-maracajá, gato-morisco e o gato-do-mato-pequeno.
Gato-maracajá: um caçador habilidoso e sem risco ao ser humano
O felino avistado recentemente em Arapongas, por exemplo, trata-se do gato-maracajá (Leopardus wiedii). Embora muita gente se assuste ao ver um animal como esse perto de propriedades rurais, Fernando tranquiliza: “É um animal que não oferece risco nenhum ao ser humano. Ele é arisco, e assim que percebe a presença de pessoas, foge imediatamente”, explica.
De porte pequeno, o gato-maracajá pesa entre 2,5 e 3 quilos — praticamente o mesmo que um gato doméstico. Ele é carnívoro e tem hábitos arborícolas, ou seja, vive boa parte do tempo em árvores. Suas patas são adaptadas para escalar com agilidade, e ele costuma se alimentar de aves, pequenos roedores, pombas e, às vezes, até filhotes de macacos ou quatis.
“O problema maior é quando ele encontra galinheiros ou locais com pintinhos. Aí ele faz um estrago, porque se alimenta de galinhas e galinhas-d’angola também”, destaca o biólogo.
Presença constante em Apucarana e monitoramento ambiental
Fernando também explica que, em Apucarana, o gato-maracajá já foi identificado em praticamente todas as matas do município. Um exemplo é a mata próxima ao campus da UTFPR, conhecida como “Mata dos Macacos”, onde um exemplar da espécie vive e tem sido monitorado. “Ele se alimenta ali de aves silvestres, roedores, e pode até predar macacos ou quatis, já que é carnívoro e sempre está atrás de presas menores”, conta.
Infelizmente, Fernando também relata que muitos desses animais acabam sendo atropelados, o que levanta um alerta sobre a importância da preservação e cuidado com o trânsito em áreas de vegetação nativa.
Importante: não tente capturar ou criar animais silvestres
O biólogo reforça um ponto essencial: nenhum animal silvestre pode ser mantido em casa sem autorização legal. “Mesmo filhotes, por mais fofos que pareçam, devem ser entregues aos órgãos ambientais. Ter um animal como esse em casa só é permitido com autorização do IBAMA”, orienta.
Caso alguém encontre um felino silvestre machucado, a recomendação é acionar a Secretaria do Meio Ambiente da cidade. Os animais resgatados geralmente são encaminhados para tratamento na UNIFIL, em Londrina, e posteriormente devolvidos à natureza.
Ouça a entrevista com Fernando Felippe – Biólogo
Biólogo monitora felinos silvestres que vivem na região