O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, admitiu nesta quinta-feira (11) a possibilidade de realizar um referendo popular para decidir se a Ucrânia cederia territórios à Rússia em um eventual acordo de paz. É a primeira vez que o líder ucraniano sinaliza essa alternativa, após meses de rejeição à ideia.
Zelensky destacou que os ucranianos devem ter voz em qualquer decisão sobre a cessão de territórios — uma exigência apresentada pelo Kremlin para encerrar o conflito. Ele, no entanto, reforçou que um referendo não significaria automaticamente a entrega das regiões, já que a Constituição do país impede a concessão unilateral de terras.
O presidente ucraniano revelou ainda que, na quarta-feira, enviou aos Estados Unidos uma proposta de paz revisada, com alterações feitas após reuniões com líderes europeus durante esta semana. Segundo Zelensky, o documento contém 20 pontos, abordando garantias de segurança para a Ucrânia, reconstrução pós-guerra e uma expansão do Exército ucraniano para até 800 mil soldados.
O chanceler alemão, Friedrich Merz, confirmou que o plano inclui propostas sobre concessões territoriais, mas ressaltou que a decisão final deve caber ao presidente e ao povo ucraniano. Zelensky acrescentou que a questão territorial ainda está em discussão e que a proposta prevê a retirada das tropas russas das regiões de Kharkiv, Sumy e Dnipropetrovsk.
Segundo autoridades e especialistas, as alterações sugeridas pelos europeus no plano inicialmente proposto pelo governo de Donald Trump visam corrigir um viés pró-Rússia, atendendo a preocupações estratégicas do continente.
Líderes europeus têm reiterado que a Ucrânia não deve ceder territórios à força e que apenas seu governo pode decidir o futuro do país. A chamada “coalizão dos dispostos” — grupo de países europeus que apoiam a Ucrânia no conflito — reuniu-se nesta quinta-feira para analisar a situação do conflito e as negociações de paz.
Enquanto isso, o governo Trump pressiona por celeridade no processo, estabelecendo como prazo o Natal para que os países europeus se posicionem sobre o plano de paz.