A conta não fecha: Com uma das maiores frotas do estado, Apucarana tem apenas uma vaga pública para cada 25 carros

A dificuldade diária para estacionar no centro de Apucarana ganhou uma explicação matemática. Um novo levantamento, que cruzou dados oficiais do Detran, do sistema público rotativo e um mapeamento inédito do setor privado, revela um gargalo logístico impressionante: a cidade possui uma das maiores taxas de motorização do estado, mas a infraestrutura de estacionamento não acompanhou esse crescimento.

O Tamanho do Problema

Atualmente, Apucarana possui uma frota estimada em 95 mil veículos. Deste total, cerca de 65 mil são automóveis e comerciais leves (caminhonetes e utilitários) que disputam espaço nas ruas diariamente. Para atender a essa demanda massiva, a cidade conta com uma infraestrutura limitada.

O sistema público rotativo (Zona Azul) oferece 1.820 vagas regulamentadas. Já a iniciativa privada, composta por cerca de 15 estacionamentos rotativos comerciais na área central e o shopping center, adiciona aproximadamente 800 vagas extras ao sistema.

A Conta que Não Fecha

Somando a força pública e a privada, o centro de Apucarana dispõe de aproximadamente 2.620 vagas de estacionamento rotativo para uso imediato.

Estatisticamente, isso gera um índice de cobertura alarmante:

Há apenas uma vaga (pública ou privada) para cada 25 carros da cidade. Isso significa que o sistema tem capacidade para absorver, simultaneamente, apenas 4% da frota de veículos leves do município. “Se apenas 5% dos donos de carros de Apucarana decidirem ir ao centro ao mesmo tempo, não haverá lugar para todos, nem pagando”, aponta a análise dos dados.

Dependência do Setor Privado

O levantamento destaca que o setor privado atua hoje como uma “válvula de escape” indispensável para evitar o colapso do trânsito. Os pátios particulares e garagens comerciais representam cerca de 30% de toda a oferta de vagas disponíveis no centro. Sem eles, a pressão sobre as ruas seria insustentável.

O maior pólo individual de vagas continua sendo o shopping center da cidade, que sozinho oferece quase 300 lugares, servindo como um “pulmão” vital para o tráfego nos horários de pico.

Futuro e Soluções

Com uma média de 0,7 veículos por habitante — índice superior à média nacional —, Apucarana enfrenta o desafio clássico das cidades médias em desenvolvimento: excesso de carros e falta de espaço físico. Especialistas em engenharia de tráfego alertam que, quando a ocupação das vagas atinge níveis próximos a 100% (como ocorre frequentemente em Apucarana), o trânsito piora devido aos motoristas que ficam “rodando” em busca de lugar.

Para o futuro, o debate sobre a mobilidade urbana local precisará ir além da criação de novas vagas, passando pelo incentivo ao transporte coletivo e a verticalização de garagens (edifícios-garagem) para otimizar o uso do solo urbano.

Raio-X Atualizado da Mobilidade (Centro)

Da Redação 98FM