De hoje até segunda-feira, 20 cruzes ficarão expostas na Praça Rui Barbosa resumindo histórias reais de crimes contra as mulheres. Destas, 11 são casos de feminicídio ocorridos em Apucarana no período de 2011 a 2017 e os demais são de atos de violência praticados contra a mulher.
A Secretaria da Mulher e Assuntos da Família observa que esses são casos que foram selecionados para o ato público e que as estatísticas da violência são ainda mais alarmantes.
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (24/11) durante entrevista à imprensa, concedida no Centro de Atendimento à Mulher (CAM), localizado no Jardim América, onde também fica a sede da Secretaria da Mulher e Assuntos da Família.
“Somente de janeiro a outubro deste ano já foram registrados 497 boletins de ocorrência de violência doméstica na delegacia e o Centro de Atendimento à Mulher fez neste mesmo período 2.765 atendimentos”, revela Denise Canesin Machado, secretária municipal da Mulher e Assuntos da Família.
A colocação das cruzes é uma das ações dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher, campanha que prossegue até o dia 13 de dezembro. Haverá ainda panfletagem, blitz e adesivagem de carros, exposição de fotos de homens fazendo apelo pela não-violência, pintura de painéis em grafite com o tema “Mulher, diga não à violência”, lançamento do projeto Política Militar na Proteção da Mulher, roda de conversa e a renovação do Pacto Municipal pelo Enfrentamento da Violência contra a Mulher, além da sensibilização em escolas que já vem sendo feita desde o início de novembro.
Uma das cruzes que será colocada na Praça Rui Barbosa carrega os seguintes dizeres: “Morre aos 47 anos com tiro de espingarda quando chegava do trabalho. O assassino, seu ex-marido, não aceitava o término do relacionamento. O crime aconteceu em Apucarana no ano de 2014.” Todas as
histórias relatadas não trazem o nome das vítimas nem dos agressores, visando preservar as famílias.
“Precisamos chamar a atenção para o fato de que feminicídios também acontecem em Apucarana. Nós temos casos de mortes ocorridas pelo simples fato de ser mulher, por ela não aceitar se manter num relacionamento abusivo. Quando ela quis sair, esse homem a matou e depois cometeu suicídio, deixando filhos”, relata Denise.
A secretária afirma que o feminicídio, além das mortes, gera traumas nos filhos e demais familiares que precisam reconstruir a vida. “Essa violência deixa traços para o resto da vida.
Crianças que crescem num ambiente hostil têm grandes chances, de acordo com as estatísticas, de serem homens e mulheres violentos no futuro. Por isso, as ações dos 16 dias de ativismo buscam proteger não só as mulheres mas também toda a família”, completa Denise.
A campanha “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra a Mulher” é um evento idealizado pelo Instituto de Liderança Global das Mulheres e que desde o ano de 1991 acontece anualmente em todo o mundo. Hoje mais de 160 países desenvolvem atividades neste período, lutando pela erradicação da violência e garantia dos direitos humanos das mulheres. Dentro da campanha são celebrados o Dia Internacional da Não Violência contra as Mulheres (25/11), Dia Mundial de Combate à Aids (01/12), Campanha Mundial do Laço Branco: homens pelo fim da violência contra a mulher (06/12) e Dia Internacional dos Direitos Humanos (10/12).
PROGRAMAÇÃO
20/11 a 10/12: entrega de materiais gráficos, divulgação de sports, informação e orientação ao público.
24/11 a 27/11: exposição de histórias reais de crimes contra mulheres de Apucarana, na Praça Rui Barbosa.
25/11: panfletagem e blitz, em frente ao módulo policial da Praça Rui Barbosa
27/11 e 10/12: exposição de fotos da campanha laço branco (homens pelo enfrentamento da violência contra a mulher), no Cine Teatro Fênix e no shopping Centronorte.
27/11 a 10/12: pintura de painéis em grafite com o tema “Mulher, Diga não à violência”.
27/11: exposição de materiais e cartazes, no campus da Unespar
05/12 e 07/12: Lançamento do Projeto Polícia Militar na Proteção da Mulher, às 15 horas, na auditório da OAB
01/12: adesivagem de carros e roda de conversa, nos colégios estaduais Antônio dos Três Reis de Oliveira e Vale do Saber
08/12: adesivagem de carros e roda de conversa, nos colégios estaduais José Canale, Anchieta e Massaretto.
13/12: Assinatura do Pacto Municipal pelo Enfrentamento da Violência contra a Mulher, às 15 horas, no auditório da OAB