Adultização. Esta única palavra é o título de um vídeo de 50 minutos que em cinco dias alcançou quase 34 milhões de visualizações no YouTube, furou bolhas nas redes sociais e ampliou o debate sobre a segurança de crianças e adolescentes na internet.
Publicado pelo influenciador Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, o vídeo denuncia produtores de conteúdo que exploram crianças e adolescentes nas redes sociais, além de cobrar as plataformas que monetizam este tipo de vídeo.
O influenciador de 27 anos realiza um experimento: cria um perfil do zero e começa a curtir fotos de crianças em poses ou contextos sugestivos. O resultado que o influenciador apresenta é como o algoritmo do Instagram rapidamente se “condiciona” a entregar conteúdo sexualizado de crianças, replicando o comportamento de pedófilos e revelando como as redes sociais podem conectar redes de pedofilia.
Após a publicação com as denúncias, Felca passou a andar de carro blindado e seguranças para se proteger de ameaças.
“Quando eu tive a ideia de fazer o vídeo, foi há mais de um ano, eu realmente mergulhei no lamaçal. Foi muito aversivo fazer esse vídeo. É terrível a gente olhar essas cenas. Dá vontade de chorar, de vomitar, é terrível.” Narrou o influencer
Embora tenha ganhado destaque com o vídeo de Felca, a adultização não é um comportamento novo. É ato de “não respeitar um desenvolvimento regular e saudável das crianças e impor padrões que são adultos“ , explicou a advogada Luciana Temer.
Depois do boom do vídeo de Felca, a discussão se espalhou por grupos de direita e esquerda e ganhou destaque no mundo político.
A Câmara dos Deputados recebeu projetos de lei que tratam da exploração de menores na internet. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), prometeu pautar propostas sobre o tema.
No Senado, a denúncia de Felca motivou a apresentação de um pedido de CPI para investigar influenciadores e plataformas digitais.
Nos Estados Unidos, estados aprovaram leis que exigem que sites pornôs confirmem a idade do usuário, seja com verificação de documento de identidade oficial ou escaneando seu rosto.
No Brasil, após o vídeo-denúncia de Felca, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, voltou a defender a regulamentação das redes e disse que o governo enviará uma proposta de lei “nos próximos dias”.
Matéria extraida da BBC news Brasil
Autoria: Rute Pina