Lei do aborto será votada no Senado da Argentina hoje

A Argentina vota nesta quarta-feira (8) um projeto de lei que visa legalizar a prática do aborto. Assim como o Brasil, que também discute a interrupção da gravidez nesta semana em audiências públicas do STF, o país é um dos muitos da América Latina que têm restrições à prática.

O projeto de lei que legaliza o aborto em até 14 semanas de gestação será votado no Senado argentino após aprovado em junho pela Câmara dos Deputados. Até o momento, estima-se que os senadores que se opõem à nova lei sejam maioria, mas o resultado da votação ainda é incerto.

Em todo o mundo, o aborto é legalizado em 63 países e amplamente permitido em outras 13 nações, segundo um levantamento do Center for Reproductive Rights, ONG baseada nos EUA que trabalha para influenciar a formulação de políticas públicas pró-aborto. Por outro lado, 124 países proíbem a interrupção da gravidez totalmente ou com poucas exceções.

Dentre os locais em que a prática é legal, as regras variam quanto ao tempo da gestação. A maioria estipula o tempo máximo de 12 semanas de gestação para o aborto. Mas há casos, como Singapura, em que ele é permitido em até 24 semanas de gestação da mulher.

No mapa, os Estados Unidos aparecem como um país onde a prática é legalizada porque a maior parte de sua população vive sob uma lei de aborto legal. No entanto, nos EUA as leis são aplicadas por cada estado, e há alguns que proíbem e outros que restringem a prática.

Até o final deste ano, mais uma nação passa a fazer parte do grupo: a Irlanda. O aborto legal foi aprovado lá pelo voto da maioria da população em referendo realizado em maio. Segundo o jornal “The Irish Times”, a nova lei deve ser encaminhada para sanção do presidente no outono do hemisfério norte (primavera no Brasil).

Um outro grupo de 13 países tem leis que, na prática, funcionam de maneira semelhante aos que legalizaram a interrupção da gestação sem restrições. São nações que permitem o aborto caso a mulher argumente que não tem condições econômicas ou sociais para criar um filho. Entre esses países estão a Grã-Bretanha, a Índia e o Japão.
Porém, cerca de 39% da população mundial vive em países com restrições ou proibição total à prática. O Brasil está entre o grupo de 66 nações com mais restrições. Aqui, a interrupção da gestação é considerada crime, com pena de até três anos de prisão para a mulher, e é permitida apenas em três casos: se representar um risco à vida da mãe, em caso de estupro ou de anencefalia do feto.
Há um outro conjunto de 58 Estados em que a exceção à proibição do aborto é um pouco mais abrangente. Eles consideram não apenas o risco de vida da mulher, mas a preservação da sua saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde, por “saúde” entende-se não apenas a inexistência de uma doença, como o bem-estar físico, mental e social de um indivíduo.

Tendência mundial

Segundo Katherine Mayall, uma das diretoras do Center for Reproductive Rights, a legalização do aborto é uma tendência mundial. “Se a Argentina legalizar, estará seguindo uma tendência global. Nos últimos 20 anos mais de 39 países expandiram as bases sob as quais o aborto é legal, enquanto um número muito pequeno de países deixou suas leis de aborto mais restritas”, diz.

Movimentos pró e contra na Argentina

Na Argentina, o aborto é permitido somente em casos de estupro ou quando a saúde da mãe está em risco. Nos demais casos, a prática é penalizada com até quatro anos de prisão para a mulher e para o médico. A proposta aprovada na Câmara permite a interrupção até as primeiras 14 semanas de gravidez. Ela pode ser alterada pelo Senado e devolvido à Câmara.

A aprovação da nova lei é defendida por feministas e grupos de direitos humanos, estimulados nos últimos anos por esforços para acabar com a violência contra a mulher. Eles defendem o direito de a mulher decidir sobre a gestação e de ter acesso a um procedimento seguro. Várias ONGs calculam que a cada ano morrem cerca de 100 das 500 mil mulheres que fazem abortos clandestinos na Argentina.

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