As falas misóginas e violentas proferidas pelo deputado Ricardo Arruda (PL) durante a sessão plenária desta segunda-feira (12) motivaram uma nota pública de repúdio da Liderança da Oposição na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). As declarações, direcionadas à deputada estadual Ana Júlia Ribeiro (PT) e à ministra Gleisi Hoffmann (PT), configuram um grave caso de violência política de gênero e não podem passar sem a devida resposta da presidência da Casa.
Durante o pronunciamento, o deputado Ricardo Arruda voltou a atacar diretamente a deputada Ana Júlia, utilizando termos ofensivos, desqualificando sua atuação parlamentar e comparando-a de forma pejorativa a outra deputada federal. O discurso incluiu expressões como “problema cognitivo”, “não trabalha nada”, “brinca de ser parlamentar” e “Maria do Rosário mirim”. As falas foram acompanhadas de insinuações ideológicas depreciativas, reforçando estereótipos machistas e desrespeitosos.
O Líder da Oposição e presidente do PT-PR, deputado Arilson Chiorato, falou em Plenário e também concedeu entrevista à imprensa. “É violência de gênero, é machismo institucionalizado, e não vamos mais tolerar isso neste plenário”, afirmou. A Bancada vai formalizar uma representação à Mesa Diretora cobrando providências.
Assembleia deve coibir abusos na tribuna
Em seu discurso, o deputado Arilson alertou para o risco de que falas agressivas e ofensivas se tornem práticas recorrentes no ambiente legislativo. “A tribuna não pode ser usada para ataques pessoais. Não é mais um episódio isolado. É um padrão que precisa ser enfrentado com seriedade”, afirmou.
O Líder da Oposição ressaltou que o Parlamento tem mecanismos legais e regimentais para agir diante de condutas incompatíveis com o decoro. “O Congresso Nacional já aplicou sanções em situações semelhantes. É importante que essa Casa também avalie medidas à altura da gravidade das declarações proferidas”, completou.
Parlamentar usa mandato para atacar mulheres
A Bancada de Oposição destaca que o comportamento do deputado Ricardo Arruda representa uma prática reiterada de desrespeito, especialmente direcionada a mulheres do Partido dos Trabalhadores. A deputada Ana Júlia tem sido alvo constante de declarações ofensivas e incompatíveis com o decoro parlamentar.
“Só é valentão com mulher. É um comportamento covarde, incompatível com o que se espera de um representante público”, afirmou o deputado Arilson. O Líder da Oposição também alertou para os efeitos desse tipo de conduta no ambiente político e social: “Discursos como esse alimentam o ódio nas redes e na vida real. E isso tem consequências graves.”
Bancada reforça apelo por medidas concretas
A deputada Luciana Rafagnin (PT), Líder do bloco PT-PDT na Assembleia Legislativa do Paraná, também se manifestou em plenário e reforçou o repúdio às declarações de Ricardo Arruda. Ela criticou a postura agressiva do parlamentar e defendeu providências por parte da presidência da Alep. “Não podemos continuar assistindo a essa postura sem nenhuma consequência. É uma falta de respeito com as mulheres e com o povo paranaense”, afirmou.
Luciana lembrou que Arruda já foi condenado judicialmente por ataques semelhantes à ministra Gleisi Hoffmann e continua repetindo os mesmos padrões. “Parece ciúmes, parece medo de quem está mostrando trabalho de verdade”, completou.
Caso levanta alerta sobre limites no debate parlamentar
Para a Liderança da Oposição, o episódio protagonizado por Ricardo Arruda ultrapassa os limites do debate político e precisa ser tratado com a seriedade que exige o decoro parlamentar. “Quem utiliza o microfone da Casa para agredir mulheres não pode contar com tolerância. A Assembleia precisa dar uma resposta à altura da gravidade do que foi dito em Plenário”, afirmou o deputado Arilson.
A avaliação é de que episódios como esse contribuem para o afastamento da população em relação ao Legislativo e enfraquecem o papel institucional da Assembleia. Ao transformar a tribuna em espaço para ataques pessoais, discursos de ódio e desinformação, perde-se a oportunidade de debater os reais problemas do Paraná.