O investigador da Polícia Civil do Paraná, Kleber Ulisses Lima Silva, natural de Apucarana e atuante na Delegacia de Arapongas, acaba de embarcar numa missão que vai muito além do papel profissional: conhecer de perto e ampliar um projeto social que beneficia crianças em contexto de vulnerabilidade em Moçambique.
Desde que tomou contato com o projeto Semeando Alegria, em Manica, Kleber trocou posturas — de apoiador distante para protagonista solidário. Ele conta que, ao conhecer o voluntário local Nélio (foto), chegou até a desconfiar se era golpe, mas decidiu investigar: “Conversei com o embaixador, pedi uma verificação. Dois meses depois, ele me ligou dizendo que o Nélio era uma pessoa séria e que o projeto realmente funcionava, atendendo crianças afetadas pela guerra.”
Com firmeza e compromisso, Kleber investiu financeiramente para assegurar a continuidade do trabalho: adquiriu o imóvel onde o projeto funciona, que corria risco de perder o espaço. “Perguntei quanto custava, e ele disse que era cerca de R$ 35 mil. Fiz uma proposta e ajudei a comprar. Parte do dinheiro foi minha e parte veio de amigos que colaboraram.” Sua estadia em Moçambique não é a passeio — ele quer ver com seus próprios olhos aquilo que vem apoiando com dedicação. A intenção é viabilizar uma estrutura digna, com cozinha, espaços adequados e até abrigo para órfãos.
Em meio a tudo isso, Kleber faz uma reflexão que revela sensibilidade e humanidade:

“Bom falar com todos de Apucarana e região. Eu tô muito feliz, tô aqui do outro lado do mundo, tô aqui na África, tô aqui em Vumba, na cidade de Manica, em Moçambique. Ah, e o que mais me emociona aqui, rapaz, é saber que a necessidade, diante de tanta necessidade que eles têm, diante de tantos problemas que eles têm aqui, eles são pessoas felizes, são pessoas preocupadas com as outras pessoas, preocupadas com o bem comum. Então, assim, isso aí que emociona a gente, que às vezes a gente no Brasil, a gente tem tudo. A gente não tem noção do que é a falta de coisas básicas, e a gente às vezes tem tudo e acaba reclamando. É bem isso, assim, sabe.”
Com essas palavras, ele revela não só a distância geográfica que o separa de sua terra natal, mas também o choque entre a realidade cotidiana brasileira — em que temos tanto e, ainda assim, reclamamos — e a realidade africana, onde, mesmo na escassez, pulsa a solidariedade e a alegria de viver. Kleber permanecerá alguns dias em Moçambique para acompanhar de perto as ações do projeto, estruturar melhorias e planejar novos apoios. Sua iniciativa demonstra que o alcance de um apucaranense pode ultrapassar fronteiras quando movido por empatia e compromisso humano.
Da redação