Apucarana, conhecida como a “Cidade Alta” do norte do Paraná, carrega em suas ruas e na memória de seus habitantes mais antigos um rico acervo de histórias que desafiam a lógica. O imaginário popular local mistura fatos históricos, a forte religiosidade da colonização e o mistério de locais isolados para criar lendas que sobrevivem ao tempo.
Entre histórias de túneis secretos e almas penadas em estradas rurais, uma figura se destaca no folclore local: a “Noiva”. No entanto, diferente do que muitos pensam hoje, a história original e mais sombria não pertence ao movimentado Lago Jaboti.
Confira abaixo as principais lendas que fazem parte da identidade cultural de Apucarana, com destaque para a verdadeira história da noiva fantasma.
O Destaque: A Verdadeira Noiva da Represa do Schmidt
Atualmente, é comum ouvir relatos sobre a “Noiva do Jaboti”. Contudo, os historiadores locais e os moradores mais antigos de Apucarana são categóricos: a lenda original — e muito mais aterrorizante — pertence à Represa do Schmidt.
Localizada no Ribeirão do Schmidt, esta represa foi a primeira fonte de abastecimento da cidade. Diferente do Lago Jaboti, que é um parque urbano movimentado, a região do Schmidt sempre foi marcada pelo isolamento e cercada por mata densa, cenário propício para histórias de terror.
A Tragédia e a Aparição
A lenda conta a história de uma jovem noiva que, décadas atrás, sofreu uma desilusão amorosa devastadora às vésperas de seu casamento (as versões variam entre abandono no altar ou a descoberta de uma traição). Em um ato de desespero, vestida com seu traje nupcial, ela teria se dirigido à represa e tirado a própria vida nas águas escuras.
Desde então, relata-se que em noites de neblina densa ou durante a lua cheia, a figura melancólica de uma mulher de branco é vista flutuando sobre as águas ou caminhando pelo antigo paredão de concreto da barragem.
Dizem que a “Noiva do Schmidt” é uma figura solitária. Suas aparições são relatadas principalmente por pescadores noturnos ou casais que buscam a privacidade do local isolado. A lenda afirma que é possível ouvir seu choro baixo, confundindo-se com o vento nas árvores, e que um frio sobrenatural toma conta do ambiente quando ela se aproxima.
Outros Mistérios da Cidade Alta
Além da famosa noiva, Apucarana abriga outras narrativas que oscilam entre o sobrenatural e o inexplicável:
- O “Poltergeist” da Barra Funda (A Casa das Pedras)
Este caso ultrapassa a barreira da lenda e entra na categoria de fatos documentados que ganharam repercussão nacional nos anos 1970. Uma residência na região da Barra Funda tornou-se palco de um fenômeno assustador: uma chuva de pedras que atingia o telhado e, inexplicavelmente, caía dentro da casa, mesmo com portas e janelas fechadas. A Polícia Militar e a imprensa estiveram no local na época e testemunharam o evento, sem conseguir encontrar uma explicação lógica ou um responsável humano para o bombardeio de pedras.
- O Corpo Seco da Fazenda Ubatuba
Na zona rural, especificamente na região da divisa entre Apucarana e Cambira, sobrevive a lenda do “Corpo Seco”. A história narra a sina de um homem que foi tão perverso em vida que, após sua morte, foi rejeitado tanto pelo céu quanto pelo inferno. Nem mesmo a terra aceitou seu cadáver, “cuspindo-o” de volta. Ele teria se tornado uma figura mumificada, “seca”, que vaga à noite pelas estradas de terra, encostando-se em árvores e assustando viajantes desavisados.
- Os Túneis Secretos da Catedral
Uma das lendas urbanas mais persistentes da cidade envolve a imponente Catedral Nossa Senhora de Lourdes. O boato secular diz que existem túneis subterrâneos conectando a igreja a pontos estratégicos da cidade, como colégios católicos antigos ou a casa paroquial. Embora a existência dessas passagens nunca tenha sido comprovada publicamente, a grandiosidade da construção e os relatos de antigos coroinhas e funcionários alimentam a imaginação da população até hoje.
Da Redação – Agência 983